Líder
do PT diz que menção a “organização criminosa” do candidato derrotado
em entrevista na TV é sinal de que “fracasso lhe subiu à cabeça”.
Depois
de receber nas urnas 50 milhões de votos, o candidato da oposição Aécio
Neves (PSDB-MG) parece não respeitar seus eleitores. Enquanto seus
seguidores se conformam e retomam a vida e o trabalho após as eleições, o
senador do PSDB de Minas Gerais dá sinais de que continua submerso no
desgosto da derrota - no caso dele, duas derrotas, perdendo tanto em seu
estado Natal quanto no plano nacional. Aécio não conseguiu eleger seu
candidato ao governo de Minas, Pimenta da Veiga, derrotado pelo
candidato do PT, Fernando Pimentel, sem necessidade de segundo turno.
Aécio também perdeu no confronto direto com a presidenta Dilma Rousseff,
depois de festejar a primeira posição no início da apuração, e talvez
aí resida sua resistência em reconhecer que perdeu.
Depois
de desaparecer por duas semanas do Senado e dos holofotes, isolado em
algum ponto desconhecido, o candidato derrotado voltou à mídia em uma
entrevista a um programa da GloboNews, neste domingo (30/12). Para o
entrevistado, o eloquente derrotado afirmou que perdeu as eleições para
uma organização criminosa, sem dizer qual. Faltou-lhe coragem,
sobrou-lhe marquetagem para sustentar a afirmação.
Em
discurso na tarde desta segunda-feira (1º), o líder do PT Humberto
Costa (PT-PE) observou que esta não foi a primeira demonstração de
contrariedade de Aécio Neves com o resultado das urnas. Aliás, desde o
dia seguinte ao resultado ele se encontra inconformado com a realidade
da derrota. Na tevê, perdeu o limite.
“Venho
aqui nesta tribuna externar meu mais veemente repúdio a declarações
infelizes que o senador Aécio Neves deu a um programa de televisão. É
lamentável que o candidato derrotado nas eleições passadas não ter
entendido que perdeu. Por não aceitar a derrota, continua perdendo e
reduzindo sua estatura política a cada declaração desastrada que dá. É
um fato inusitado que a derrota, o fracasso subiu à cabeça”, disse o
líder.
Na
semana passada, só para ilustrar o apego de Aécio às frases de efeito, o
candidato derrotado depois de duas semanas de ausência compareceu à
sessão do Congresso Nacional para votação dos vetos presidenciais. Não
ficou mais de vinte minutos e, ao sair, foi instado a falar sobre a
escolha de Dilma pelo nome de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda.
Mas o que disse Aécio para imprensa: disse que “Levy na Fazenda é como
um quadro da CIA na KGB”.
Para
Humberto Costa, é por essa e outras que o senador Aécio tem se sentido
cada vez mais à vontade na sofrível interpretação do papel de vítima do
processo eleitoral. Agora, quer reinventar a história ao negar que tenha
perdido a disputa para Dilma e para a coligação de partidos políticos
que apoiaram sua candidatura. “É uma infame ópera-bufa essa
protagonizada pelo que chamo de candidato derrotado em exercício, onde
sobejam atuações de péssimo gosto e para as quais há cada vez menos
holofotes”, disse.
O
líder observou em seu discurso que Aécio deveria honrar os votos de
tantos brasileiros e não desperdiçar esse patrimônio político com uma
cantilena estéril que a nada serve, a não ser à disseminação de um
comportamento mimado incompatível com o espírito democrático. “A postura
de um opositor é buscar o contraditório ideológico, é fazer o
contraponto, é ser a antítese para que desse embate de ideias nasça algo
construtivo. Não é ficar eternamente lamentando a derrota que sofreu.
Chega, já estamos em dezembro”, afirmou.
Enquanto
o candidato Aécio se aferra à suas frases de efeito, demonstrando que
não aceita derrotas, a atitude que ele insiste em manter vai perdendo
eco inclusive entre aliados e dentro de seu próprio partido.
Não
faz nem um mês que o governador reeleito de São Paulo, Geraldo Alckmin,
em Nova York, nos Estados Unidos, esvaziou o discurso de Aécio repetido
em prosa e verso de que a economia brasileira está beira do abismo.
Alckmin disse que não. Não é isso que está acontecendo, pelo contrário.
O
líder acredita que a oposição responsável pode contribuir
decisivamente. “Nós do PT já fomos oposição e não há quem duvide de que
participamos ativamente do amadurecimento da democracia brasileira com o
que colaboramos quando estávamos do outro lado. Hoje no governo, nós
estamos com os que agora estão na oposição para também trabalhar em
favor do Brasil, travando um confronto político de alto nível, em torno
de ideias e propostas, e não de veleidades e frivolidades que não
enriquecem o debate e, antes de tudo, se prestam a diminuir o interesse
nacional e a estrutura daqueles que com elas se envolvem”, salientou.
Em
aparte, o senador Lindberg Farias (PT-RJ) disse que Aécio passou dos
limites e anunciou que a Direção Nacional do PT vai fazer uma
interpelação judicial pela declaração infeliz do candidato derrotado. “O
PSDB já foi ao TSE questionar o resultado e essa movimentação por eles,
de falar em impeachment de Dilma me faz recordar Carlos Lacerda contra
Getúlio Vargas numa reedição da UD. Parece que eles e a oposição
voltaram para a década de 50”, disse Lindberg.
Fonte da Notícia: http://www.ptnosenado.org.br/textos/122-curtas/30386-humberto-costa-rechaca-declaracoes-irresponsaveis-de-aecio-na-teve
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